"Não há um milímetro do mundo que não seja saboroso" (Jean Giono)

quinta-feira


ando perdida nestes sonhos verdes
de ter nascido e não saber quem sou,
ando ceguinha a tatear paredes
e nem ao menos sei quem me cegou!

não vejo nada, tudo é morto e vago...
e a minha alma cega, ao abandono
faz-me lembrar o nenúfar dum lago
'stendendo as asas brancas cor do sonho

ter dentro d'alma na luz de todo o mundo
e não ver nada nesse mar sem fundo,
poetas meus irmãos, que triste sorte!...

e chamam-nos a nós iluminados!
pobres cegos sem culpas, sem pecados,
a sofrer pelos outros té à morte!

[Florbela Espanca]



2 comentários:

Princesa Canela disse...

Venho aqui pela primeira vez e descubro duas coisas em comum: para além do gosto pela canela, o gosto musical. :) Hei-de voltar, certamente. E como não há dias sem três, este poema da Florbela Espanca, magnífico, que não conhecia, toca-me de modo muito especial. Vou 'roubá-lo', deixas?

Chá de Canela disse...

Benvinda e obrigada pela visita. Estás à vontade para 'roubar' o poema!;)

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